POR: JOBEDIS MAGNO DE BRITO NEVES
Se dispusesse de uma Máquina do Tempo empreenderia uma viagem ao passado, à cidade de Campina Grande e por algumas peculiaridades especiais ao bairro do São José e, além disso, foi lá que vivi grande parte de minha existência. Seria realmente uma viagem fantástica, uma espécie de fenômeno quântico..
Pois bem, suponhamos que tal viagem fosse viável. Ao chegar-se ao destino, de acordo com minha agenda, iria banhar-me no “Açude Novo”, um tradicional açude público que fora utilizado por várias gerações de campinenses. Após isto, dava uma observada no Baldo do açude e veria os “coqueiros de Zé Rodrigues conforme foto abaixo:Utilizado por várias gerações de campinenses. Após isto, dava uma observada no Baldo do açude e veria os “coqueiros de Zé Rodrigues conforme foto abaixo:
Viajar no tempo é bom e não é aventura para qualquer um, pois é preciso, antes de tudo, ter vivido alguns bons anos e ter suportado as vicissitudes da vida com heroísmo e, sobretudo, com garra, para agüentar os trancos da viagem. Depois da visita ao Baldo do Açude Novo, resolvo dar um pulo na futura Praça do Trabalho que estava sendo calçada com paralelepido (conforme foto abaixo),
Na calçada da igreja vi que o senhores Pedro Feitosa Neves, Pedro Braga, Merêncio, Seu Escorel, Zacarias Cadê, Antonio de Melo, Seu Lobo, Joaquim Firmino entre outros moradores batiam papos.
Constato que o papo era sobre politica da época. Era um domingo do mês de janeiro daquele ano, e ao me aproximar observo que os membros da família árabe estão chegando para o almoço. Dentre eles, consigo reconhecer pelas costas o meu padrinho, João Jorge, carregando, com uma das mãos, como sempre fazia algum presente para mim.
Depois encontrar-me-ia com o meu amigo, Fuba Vei da “Casa Esporte” de seu Mamede e manteria com ele um dedo de prosa. Certamente sairia de lá um peladeiro abalizado, pois o meu amigo sabe de tudo sobre times de pelada e também sobre todos os assuntos pertinentes ao grande Treze Futebol Clube que ele é torcedor fanatico. Nos idos de 70 eu era seu pupilo no time de futebol de pelada – o Grande Everton do bairro São José e ele sempre satisfizera minhas curiosidades à respeito de futebol de modo geral. Alegre por tê-lo reencontrado, de lá, dou vazão à minha caminhada e consigo chegar ao Bar Cristal de Wamberto Pinto Rocha e de comprimentar ele e seu irmão João.
Depois iria ate a nova sede do Everton na Rua José do Patrocinio rever outros amigos que la se encontravam e agora, quem sabe, poderia jogar uma partida de burraco.
Depois iria ate a nova sede do Everton na Rua José do Patrocinio rever outros amigos que la se encontravam e agora, quem sabe, poderia jogar uma partida de burraco.
Depois de sair do sede o Everton, obrigatoriamente teria que passar na “Sorveteria de seu Feliciano Vidal de Negreiros e de D. Mariquinha (foto ao lado)”, que em outra oportunidade eu a definira assim: “A Sorveteria de seu Feliciano, que na verdade era um bar. Um misto de bar, sorveteria e universidade, se é que se pode denominá-la assim. Era o “point” do bairro que junto com o bar de Wamberto. Eram onde se reunia desocupados, contadores de causo, jogadores de porrinha, pensadores, poetas, advogados, políticos e toda a sorte de gente que apresentava um certo grau de curiosidade. Lá, tenho certeza, iria reencontrar grandes amigos e ficaria sabendo de tudo que rolava na bairro e na cidade. Esses bares eram um referencial na tradição cultural do bairro.
No Bar Cristal os meus amigos estavam comemorando mais uma vitoria do grande Everton confome foto abaixo:
Nessa odisséia de volta ao passado procurei usar minha aguçada sensibilidade em todas minhas observações, pois tinha convicção que mais tarde me propiciaria uma melhor avaliação do progresso socioeconômico dessa grande cidade, que, segundo minha ótica, deverá ser uma das mais importantes metrópoles do Nordeste do Brasil, principalmente quando por lá passar a Ferrovia ligando o Nordeste ao Sul do Brasil.
Sempre orientado por minha agenda, daria um pulo na casa do José Cosme o popular Sabará para sanar uma curiosidade de muito tempo, saber dele quais, dos craques de futebol que passaram por seus ensinamentos, ainda matinha contato com ele? Aposto que me diria, excluindo os falecidos, todos, demonstrando, com isso, a amizade que eles sempre lhe dedicaram. Pegando gancho no tema futebol, procuraria encontrar-me com o “Pai Vei”. Por que especificamente o Pai Vei? Porque o considero um verdadeiro Mestre do Futebol de salão, pois todos os atletas de minha geração aprenderam muito com ele, que sempre gostou de “comentar” todos os lances, ensinando-nos a ocupar os espaços vazios na quadra de futebol de salão. É um Mestre na maior acepção da palavra, pois além de nos ministrar seus “conhecimentos” sobre esse esporte iminente coletivo como gostava de ressaltar.
Já em outro momento dessa viagem quando andava pelo bairro sem destino certo, casualmente me encontro como o farmacêutico, Julio Aprigio fumando seu tradicional “pé de Burro” o que denunciava que estava indo para o seu trabalho. Chamei-o pelo nome e ele prontamente me atendeu. Conversamos um bocado, mas temendo que ele estivesse com muita pressa, despedi-me dele, ficando de passar em sua farmácia para podermos conversar melhor e mais demoradamente. Quando ele partiu, fiquei conversando com meus botões, quanta dignidade encerra a figura deste farmacêutico? Ficara muito feliz da vida pelo fato de ter conversado com o Julio Aprigio (conforme foto ao lado).Continuando minha despretensiosa caminhada pelo bairro do São José eis que me surge de repente a figura impoluta do velho amigo “Roosevelt Cesar o eterno “Gordo da Padaria”, que dirigia seu Jipp e procurava, coincidentemente, estacioná-la ao lado de onde eu estava. Tão logo ele me reconheceu, disse, como vai Jobão? Após responder sua saudação, fui embora logo.
Nessa viagem de retorno ao passado, que se transformou numa legítima odisséia, uma das visões que me mais me impressionou, foi rever grandes amigos de infância e juventude. Enfim, sei que ao nomear as pessoas poderei incorrer em gravíssimo erro de omissão, para esses antecipo-lhes minhas escusas, porém, não posso de maneira alguma deixar de citar aqui o meu encontro com meus eternos amigos Fernando Canguru, Naldo, Valdinho, Gato, seu Futenta, Geraldo Largatão, Edmilson Garrafão, Hermani, Glauco. Pedrinho e Nilson (meus irmãos) , Nenem, Chiquinho, Albertinho, Cho, Nego Gilson, Glauco, Geraldo, Maribondo, Uala, Odon, Pedro Sandu, Tom, Oto Salgues, Som, Jonas Didi, Firmino, Catita, Valdinho Carapuça, Martinho, Cachepinha, Chico Cateta, Chicão Camilo, Chininha, Tom, Zé Iacoino, entre outros.
E vi que nesta minha viagem que “A saudade é a maior prova de que o passado valeu a pena, porisso vou garda-la no meu coração”.
Para recordar esses bons tempos vividos e jamais esquecidos, por vezes mantendo contato com amigos e lugares da época, além de recorrer a um vasto arsenal de fotografias cuidadosamente guardadas em casa.
Nem as vicissitudes da vida, à distância e a poeira do tempo, jamais apagarão de nossas memórias, os amigos fraternos, os lugares por onde passamos e as gratas lembranças do passado!
E vi que nesta minha viagem que “A saudade é a maior prova de que o passado valeu à pena, por isso vou guardá-la no meu coração”.
Para matar a saudade de vez em quando eu escuto esta bela canção de Marinez
http://letras.terra.com.br/marines/1354284/
http://letras.terra.com.br/marines/1354284/
8 comentários:
Amigo Jobão, dar os parabéns pelas suas postagens já se tornou um rotina..e boa, mas quero te dizer uma coisa, fazer parte desta lista de amigos de um passado onde só traz recordações e muito e muito gratificante, como vc mesmo cita numa frase no msn "saudades as vezes faz bem ao coração", olha amigo e para mim que mora distante...nem sei explicar as vezes com palavras, mas o coração e meus comentários aqui postados diz tudo, "recordar o passado é vivê-lo novamente" e o tempo jamais apagará tanta coisa legal que passamos juntos...valeu Jobão, sou feliz por ter tantos amigos, saudades dos que estão junto ao nosso Deus e aos que aqui estão um forte abraço, do amigo/irmão JONAS DIDI...
Meu caríssimo Jobedis, a sua crônica realmente nos leva a um passado feliz, divertido e, sobretudo, de amizade, amizades verdadeiras.
Neste momento estou olhando pela janela de onde moro, e vejo o sol brilhando (estou quase de fronte de uma das praias de Santos, com seus belos jardins), mas, ao terminar de ler parece que, em verdade, estou no açude novo...Parabéns!!!! Oto Salgues, Santos, Dezembro de 2011.
Pra mim, que nasci no cinema e ali vivi até meus vinte anos (de 47 a 67),foram doces as lewmbranças dos Coqueiros de Zé Rodrigues, do Açude Novo... foram muitos os pedaços da minha alma que ficaram por ali... E aquela turma boa, com quem convivi (Tonhão, Zeca, Flávio, Chicão, Iacoíno, Tonheca, Sabará, Chico Cateta, Lula Cadé,... ô povo bom!! Saudade de seu Júlio... Nesse seu passeio não encontrou seu Assis?
Gledes seu Assis estava no Clube do Caçadores dando as ordens
E eu pensava que ele estava na cabine do cinema, com Bira, Zé Santos (passavam os filmes), Hugo (fazia os cartazes) e seu Manoel (o porteiro), dando bronca nos quatro!!
Foi no Baldo do açude novo, em frente a casa de Dr.Bonald e Cloves, pais de Caé e Paulinho, onde fui acidentado, o onibus de Barra de Santana faltou freio na rua Treze de Maio e me jogou dentro do açude novo com Piguimeu e João Maria,passei vinte e nove dias hospitalizado entre a vida e a morte. Mesmo assim foi o melhor tempo da minha infancia. Jogava pião, soltava coruja,jogava pelada nos coqueiros de Zé Rodrigues. Alguns colegas da época: Pibo, Mica, Hibrailde, Galegão, Nilton Amaral, Sula, Joãozinho, Gil, Tuita, Zé Neto, Paulinho da Caranguejo, Caé, Mario Sergio, Buquinha, Ricardo de seu Edilson, Zezé Bandeira, Chatoubriand,Leonan de Manoel Patricio, Chico Cateta, Edrisio e tantos que não me recordo no momento. Valeu Jobédis! Matar a saudade não é fácil. abraço
Jobedis, lendo as suas lembraças que são tambem minhas e de todos que foram lembrados, vejo o quanto tivemos uma juventude feliz. Esperos que nossos filhos e netos tenham no futuro essa felicidade de ter boas lembraças de suas juventudes.Geraldo-Maribondo
Amigo Jobedis, uma página dessa me tira do atual tempo para entrar no Túnel do Tempo, não sei se irei chegar ao final do Túnel, com os olhos embassados de tanta saudades. Obrigado amigo, por vc existir e trazer a nós, tantas recordações bonitas de nossa infância e juventude. Que Deus o ilumine mais ainda.
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