Nasci
na década de 50 no bairro do São José em Campina Grande. Sou saudosista e por
isso gosto de evocar lembranças, sobretudo aquelas vinculadas à infância e a
juventude. Muitas lembranças do passado chegaram-me em grandes quantidades à
minha mente. Tenho ainda muito vivas em minha memória recordações
deliciosas das comemorações que eram feitas durante o carnaval aqui na nossa
cidade. Refiro-me aos anos 60, quando eu vivia minha infância, e 70, já na
minha juventude. Sinto, sim, saudades daqueles carnavais. Lembro-me dos
papangus que passavam pelas ruas e brincavam com as crianças. Da La ursa e os
foliões mascarados que saíam pelos bairros a alegrar e a divertir a todos.
São
lembranças que com o passar dos anos ficam mais vivas na minha memória. Sinto
saudades dos vesperais carnavalescos da AABB, parece que quanto mais o tempo
passa mas a nostalgia aumenta. Era uma festa alegre, o clube ornamentado com
máscaras, serpentinas, um cheiro agradável de lança perfume, à orquestra
tocando marchinhas (Algumas músicas são tão marcantes, que até mesmo nos dias
de hoje são cantadas em momentos de alegria). a garotada pulando, jogando
confetes, serpentinas e jatos de água para todos os lados. Momento mágico,
guardado na memória como uma relíquia.
Saudade
imensa, sim, das famosas “batalhas de jogar pó, maizena, colorau ou água nos
componentes do corso que eram formados pelas pessoas jovens e adultos que iam
em cima de veículos, especialmente jipes e caminhões, que levavam os citados
blocos, grupos de amigos, para as ruas seguindo os carros e aos clubes. Todas
as pessoas, mascaradas ou não, mas sempre com suas vestimentas e com uma
disposição fantástica para brincar de forma saudável, sem precisar de
“estimulantes”. A cidade, especialmente o centro formado pelas ruas: Maciel
Pinheiro, Floriano Peixoto Marquês do Herval,
Cardoso Vieira e Beco do 31, fervilhava de foliões de todas as classes
sociais. Era comum cruzarmos com pessoas conhecidas que, usando fantasias,
tentavam brincar conosco sem se deixar reconhecer.
Eu
sou da época em que realmente se brincava carnaval em Campina Grande. Os blocos
formados por amigos, parentes ou amigos de amigos saiam pelas ruas, visitando
casas para o “assalto”, uma tradição de blocos carnavalescos. Consistia em
fazer visitas a diversas residências, cujos proprietários ofereciam bebidas e
comidas aos participantes do Bloco. A organização fazia antecipadamente um
levantamento de quem poderia ser “assaltada” e definia os locais onde o bloco
deveria passar. O carnaval era uma espécie de congraçamento dos jovens e das
pessoas de Campina Grande que se organizavam em blocos para empreender visitas
nas casas previamente escolhidas.
Nas
décadas de 1960 e 1970 o corso da cidade era outra atração, um dos veículos
mais utilizados no corso era o Jipe, sem capota. Havia também muitas camionetes
e caminhões, por serem veículos abertos, essenciais para a brincadeira.
Diversos foliões preparavam carros só para o desfile do corso. Serravam a
lataria de fuscas, por exemplo, para que ficassemconversíveis e os decoravam
com pinturas carnavalescas e frases engraçadas.
Além
da água, as pessoas eram “presenteadas” também com “nuvens” de colorau,
maisena, talco ou farinha de trigo, quer estivessem nos veículos em movimento
(marcha lenta) ou nos “points” onde paravam para apreciar o desfile, comer,
beber e paquerar. Na década de 1970, era bastante consumida nesses “points” uma
“Cuba Libre” coca cola com Rum Montila.
A folia nos Clubes
No
Salão do clube otrajeto dos foliões consistia em uma movimentação em círculo,
obedecendo ao sentido horário – mas também havia alguns sujeitos cheios de “
birita”, que preferiam brincar no sentido anti-horário, o que era sinônimo de
confusão. As garotas desacompanhadas ficavam nas bordas do salão, observando
aquela alegre confusão. De repente, uma mão saindo do meio da massalhe
alcançava o pulso e a puxava para o salão. Se houvesse interesse recíproco, a
foliona enganchava no sujeito e ia pra guerra. Se não, ela dava um jeito de
liberar o pulso das mãos do “enxerido”. Essas efêmeras conquistas carnavalescas
se constituíam na glória (ou “toco”) de qualquer moleque que buscava as folias
de Momo.
Alguns
já se encontram em dimensões mais elevadas. Outros, porém, continuam
percorrendo os outros caminhos. E agradeço a Deus por ter me dotado de tão boa
memória, de me conservar ainda lúcido, para reviver a alegria de um passado,
que se perde nas brumas do tempo! Quando encontro amigos, que durante muito
tempo estiveram ausentes sinto a mesma alegria, o mesmo calor de bons tempos de
íntimo e frequente convívio.
Vai
ter quem reclame, por certo, da postura saudosista. Mas nem por isso vou deixar
de dizer, com bastante ênfase, que os carnavais de outrora, dos bons e
irrecuperáveis anos 60 e 70, eram infinitamente mais joviais e prazerosos. Quem
não viveu aquele tempo deverá ter dificuldade para entender o meu grande
entusiasmo por aqueles carnavais. Infelizmente hoje em dia muita gente só
consegue participar de festas, inclusive populares, ingerindo e/ou cheirando
“motivação”, uma lástima.
Aqui em Campina Grande quando ainda existia a
Micarande, todo ano oferecia tristes espetáculos provocados por quem não
conseguia alcançar o verdadeiro e
autêntico espírito de uma alegria sem excessos.
Vou
continuar cantarolando, sozinho, no meu canto: “Linda loirinha/ loirinha que me
faz sonhar... Eu sou o pirata da perna de pau/ do olho de vidro/ da cara de
mau... Eu fui às touradas de Madri/ parabatchibunbubum/ Quem sabe sabe/ Conhece
bem/ Como é gostoso gostar de alguém... Maria Escandalosa/ desde criança/
sempre deu alteração... Se a canoa não virar/ olé olé olá...”.
Recebi
algumas fotos de amigos do fundo do baú de alguns blocos de moças e rapazes,
agremiação carnavalesca sócio-etílico-cultural que animou o carnaval de Campina
Grande nas décadas de 60 e 70. Aproveitem.
bloco as panteras
14 comentários:
AMIGO JOBEDIS
Parabéns pelo MUSEU.Uma bela e importante iniciativa, para nos aproximar da história, de fatos que marcaram nossa querida Campina Grande e também colaborar para ações no presente e projeções para o futuro.
Eu me incluo entre os Campinense que gostava de brincar crnaval e ver os jogos de futebol e que sentavam à mesa do almoço no domingo feliz da vida porque era dia de jogo nos campinhos da cidade. Os antigos carnavais vc detalhou muito bem como tambem o futebol do passado. Brincar os antigos carnavais ou ganhar uma partidada de futebol era fundamental, mas estar entre amigos, torcer, vibrar, debater o jogo, coisas que não tinham preço.
O carnaval e o futebol tem uma magia muito grande, difícil de desvendar. Eu arrisco um palpite: não precisa entender de futebol; bastar sentir, deixar a emoção rolar. Quanto menos você for absorvido pelo emocional, mais forte será a sua participação naqueles minutos de catarse coletiva.
A alegria e o Futebol curava tudo. Se levarmos em conta que muitas doenças têm fundo emocional, estresse, raiva, medo... vamos chegar à conclusão que carnaval e futebol curava até câncer.
São muitas as lembranças e a minha torcida para que os antigos carnavais e o o futebol de Campina Grande volter a ocupar seu lugar de brilhantismo, que vou ficando por aqui.
Abçs e parabéns pelo trabalho.
estou vendo, um show de bola, só voce mesmo meu amigo pra nos da tanta alegria, vendo essas fotos, e recordando dos velhos carnavais, Parabéns, Jobedis
JOBÃO MAIS UMA VEZ PARABÉNS E TENHA UM ÓTIMO CARNAVAL, LEMBRANDO DESSES QUE VOCE RELEMBROU, SERÁ MARAVILHOSO, Só NA SAUDADE> ABÇS. NORO PEDROSA
Parabéns por descrever de modo saudosista e poético, pois poesia para mim é onde existe sentimento, o carnaval de antigamente, onde se brincava com excesso de alegria.Era muito bom e agradeço por ter participado e vivido esses momentos de magia com amigos que hoje também devem estar compartilhando com saudades. Abraços
Parabens, belo trabalho. Essas fotos nos faz voltar ao passado, a um carnaval alegre, sem drogas, sem brigas (ou quase). Ah sim, esse era o tempo. Que saudades!!
valeu jobão, esses comentarios saudosistas realmente mexe com todos que teem sentimentos,não existe mais esse tempos de carnaval com marchas e tudo de bom com segurança, um abraço a todos. Espedito Vilar
eita, faltou a foto dos mansos do são jose,a foto ta com Bery, pede pra ela,velhos tempos ,ai sim era o carnaval de verdade vou para jp av.beira mar s/Nº,apto de vera se vc for por la totomaremos uma geladinha ok
Que lembranças agradáveis!
A forma como você descreve esses momentos é tão perfeita e detalhada que nos permite voltar no tempo e ser capazes de lembrar vozes, cheiros, gostos e saudades.
Obrigada por nos proporcionar essas lembranças que se avivam na memória e trazem de volta, de forma intensa, amizades que estavam adormecidas num cantinho do coração.
Parabéns!
xaubeijo
Maika
esse tempo realmente as pessoas bricavam com respeito ao proximo, muito deferente dos tempos de hoje.
Nesta epóca eu tinha 9anos, mais lembro de tudo do que você descreveu, sinto muita saudades, deste tempo lembro do vizinho quando saia com seu caminhão eu ficava doida para ir também, acho que muito criança,eles não mim deixava ir, mais lembro que fui duas vezes, em 1982 e dois paticipei da rai do carnaval, com dezoito anos, no AABB, sou prima do palhaço carrapeta, morava no Bairro da Palmeira, hoje moro em BH, tenho 51 e anos, meu nome é Nely Ângela de Holanda Cavalcanti, tenho alguns fotos do Carnaval de 1982 no Facebook. Saudades de Campina Grande e todos vocês, abraços....
Quanta saudades dos carnavais no clube da juventude catolica de Monte Castelo!!!
HOJE MORO EM CURITIBA E TENHO SALDADES DE TODOS DO ESPORT QUE FEIS PARTE DE MINHA HISTORIA JUNTO COM A DE COMPINA GRANDE NO FUTSAL SAO BRAZ E GRESB TAMBEM NAS TARDES DE PELADAS NOS DOMINGOS // UNIAO DO CATOLE OLARIA CARIUS CRB PALMEIRAS GUARANI BOTA FOGO DA LIBERDADE ESPORTING . SAO TANTOS AMIGOS DO FUTBOL QUE HOJE LEMBRO E MESMO LONGE VEJO COMO E LINDA ESTA TURMA COM SAUDU E COM SUAS FAMILIA COMEMORANDO ESTOU LONJE MAIS BATE UMA SADADES /// HERALDO DO CATOLE JOGUEI SAO BRAZ FUTSAL QUERIA VER FOTOS MINHAS PARABENS A TODOS E PRINCIPALMENTE A VOSSAS FAMILIA
PARABÉNS AMIGO JÓBEDIS POR TER A CRIATIVIDADE DE NÃO DEIXAR MORRER ESTAS GRANDES RECORDAÇÕES - REALMENTE ESTE ERA UM VERDADEIRO CARNAVAL. É ISTO AI AMIGO ENQUANTO VC COMPARTILHA ESTES MOMENTOS CONOSCO JAMAIS FICARÁ NO ESQUECIMENTO JUNTAMENTE COM O FATOR TEMPO... PARABÉNS - PENA QUE NESTA ÉPOCA POR SER AINDA MUITO NOVA MINHA MÃE NÃO DEIXAVA QUE EU BRINCASSE CARNAVAL... FELICIDADES E UM BJ NO CORAÇÃO DE TODOS. BERENICE GUIMARÃES. FIGUEIREDO
Painho... Amo vc! Adorei saber como era os carnavais da sua época... Beijos
Carlinha
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