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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

REMINESCÊNCIAS DE UMA PARTIDA DE FUTEBOL

POR: JOBEDIS MAGNO DE BRITO NEVES




Há algum tempo, em modesto pôster que escrevi sobre o futebol de pelada do passado de nossa cidade, relatei os bons momentos vividos por todos aqueles que, como eu, tiveram o privilégio de participar. Para quem não conheciam, principalmente para a juventude de hoje, que muito provavelmente nada sabiam acerca dos bons tempos daqueles antigos campos, seus jogadores, os causos e histórias.

Para recordar esses bons tempos vividos e jamais esquecidos, por vezes mantendo contato com amigos e antigos jogadores da época, além de recorrer a um vasto arsenal de fotografias cuidadosamente guardadas na minha casa. Nem à distância e a poeira do tempo, jamais se apagarão de nossas memórias, os amigos fraternos, os lugares por onde passamos e as gratas lembranças do nosso passado como peladeiro.
PECULIARIDADES QUE ACONTECIAM NO FUTEBOL DE PELADA
Existiam inúmeras peculiaridades proporcionadas pelo futebol de pelada de antigamente, sendo a sua principal, o convívio do encontro de amigos à beira de um campo, quase sempre, de uma árvore, uma palhoça ou tenda,montada às margens do campinho, para a venda de bebidas. Papos do mais diversificados do cotidiano que para muitos foi pesado, o que aliviava e descarregava toda a sobrecarga da semana. 
Sol de domingo quente. Bostas de vaca aqui e ali conforme foto abaixo:


 Secas, tiradas com chutes. Uma parte de jogadores chegando, uns de bicicleta, outros a pé, cuja trilha demarcava a linha do meio-campo. Cordão do calção desamarrado, meiões, bate-bola pro aquecimento, mosquitinhos nas perebas do joelho, cruzamentos pro goleiro se alongar. 
O time da casa chegava aos pedacinhos. Uns magrelos com kichute ou chuteiras velhas na mão. Uns descalços outros calçados. No time tinha jogadores sarará,negro, branquelo, sarau, pardo, gordo, espigado, moreno. Uns chegavam de camisas velha e amarela com a cor já apagada. Uns de shorts, bermudas, calças dobradas até o joelho.
No campo já sem bosta de vaca, havia umas galinhas no canto onde acabava a grama. Dentro de um gol, uma cadela dormindo. Carniça no córrego atrás do campo, com moscas, urubus voando, flores silvestres e arbustos ao redor do campo.
 Uma parte dos torcedores e jogadores dos dois times se sentavam no chão perto do campo. Uns meninos ficavam por perto do picolézeiro e  às vezes entravam pra brincar no meio do jogo com uma bola de plástico. 
 Alguns torcedores preferiam assistir o jogo perto do goleiro adversário e ficar zonando com ele e ver de perto a cobrança de escanteio ou a um pênalti. Se fosse do time do adversário eles poderiam aperriar o batedor, jogar o chinelão ou uma pedra na bola na hora da cobrança ou dar um bico na bola de volta pro lugar de onde ela veio.
Velhos de chapéu na beirada picam fumo. Algumas mocinhas assanhadas do bairro dão jeito de passar perto do campo, roupinhas coloridas, rindo e cochichando. Bois mugindo e vindo para atrapalhar o jogo. Por trás do gol ate os urubus festejavam comendo resto de uma carniça.
O juiz (sempre algum morador do bairro e torcedor do time local) ficava sentado perto do campo para ser chamado, conversa com alguns amigos enquanto o jogo não começa. Sai e começa a apitar (sempre ajudando o time da comunidade). Se o time estivesse perdendo ele apitava infinitamente tentando arranjar uma falta para o time fazer o gol e saia correndo pra demarcar o local da falta.
Nada de gol. Um comecinho de briga. Os visitantes resistem ao juiz desonesto na raça –. No final, dois gols do time de fora: confusão na área, poeira, empurrões, um negão no primeiro, um menino sarará no segundo. Do casebre uma mãe entra em campo e abraça para tirar seu filho de uma confusão, o moleque, suado, sardento, sorrindo, sebento. Depois, prende a barra do vestido numa ponta com as mãos e volta aos pulinhos. Os velhos do outro lado em um barraco tomavam pinga.
Fim do jogo. Os visitantes só de meião, sem camisa, vibram e sobem na carroceria de um velho caminhão.
Vão passar o resto da tarde no seu bairro ou nasua comunidade comemorando a vitória de seu time, orgulhosos, bandeiras agitadas. O sol imenso deixa tudo deserto, avermelhando o bairro oumorro e as distâncias até a noitinha, só com o som da Rádio ou de uma surrada radiola com disco de vinil.

Um comentário:

Anônimo disse...

Era muito amor e força de vontade, pois os campos eram cheios de pedregulhos. Lembro que Chicó, meu grande amigo de infância zombava do time do Atlético da Prata, pois ele jogava pelo Real Campina, e num sábado após reunião dos times nós íamos beber e namorar na Liberdade, e ele passou a noite toda dizendo que quando o Real estivesse ganhando de 5 x 0, ele, Paulinho, danda, iriam só ficar dando ole, no Atlètico que era um time muito fraco. No outro dia, o resultado do jogo : Atlético 5 x 0 Real.
Futebol tem disso/ zezito

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