Apesar de que hoje o futebol possui uma melhor estrutura com campos gramados, bolas, chuteiras e tecnologia que auxilia o atleta a desempenhar o seu potencial, na sua época, jogar futebol era mais gostoso. Em seu tempo se jogava futebol nos campos de terra (Campo do Estadual, do Têxtil do Botafogo entre outros, em Campina Grande não tinha campos de futebol com grama (só os dos times profissionais Plínio Lemos, Paulistano e o PV do Treze).
O ex-craque fez muitas amizades durante a sua carreira no futebol amador de nossa cidade, sempre teve um grupo forte de companheiros, e as brincadeiras faziam parte de seu dia-a-dia (Conforme veremos adiante em seu depoimento ao museu).
Grandes Craques do Passado
Naquela época eu gostava de ver em campo o Estudante era um dos melhores times da cidade. “No ataque tive o prazer de ver o jogador “Sebastião Vieira”, igual a ele não apareceu outro na posição, era um grande jogador”. Pará recorda que na época do Eraldo, a equipe tradicional de Estudantes que fez história ao lado de outras grandes equipes citadas por ele no seu depoimento na década de 50/60, o futebol campinense se destacava com grandes jogadores, entre eles o zagueiro Humberto de Campos, além dos zagueiros: João Mario e Ersão, um baixinho valente o Pirrita e com uma impulsão que impressionava, além da firmeza e da forte marcação que exerciam sobre os atacantes dentro de campo.
Abaixo o email de João Mario e alguns depoimento do Heraldo
Jóbedis, em anexo o resumo do curriculum de Heraldo e suas cronicas e foto no ESC !
Sugiro colocar oa foto dele sózinho, as cronicas e logo abaixo a foto da casa onde foram realizadas as primeiras sessões do Estudantes e abaixo a fot dele no ESC.
A casa ficava em frente a Prç.Alfredo Dantas, onde é hoje o Bco. Santader.
Tenho certeza que ele vai ter uma grande surpresa !
Mas fica ao seu critério quando ao layt out .
abçs
João Mario
Resumo do meu currículo.
Heraldo Borborema Henriques,
campinense, peladeiro juramentado na adolescência e na juventude, amante de sua
terra natal. Advogado pela Faculdade de Direito do Recife - Universidade
Federal. Vida profissional: Advogado da Celpe, Presidente da Celpe, Presidente
da Companhia de Abastecimento do Recife, Secretário da Fazenda de Pernambuco,
Presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado, Secretário de
Governo de Pernambuco, Secretário de Serviços Públicos do Município do Recife.
Aposentado e curtindo os netos.
Abs.
Quantos lembram? Afinal faz
algum tempo; meados de 1950.
Na garagem da residência do
médico Heleno Henriques, na Praça Alfredo Dantas, um grupo de estudantes
adolescentes abriga um clube de futebol. Sem grandes ambições. Todos
apaixonados pelo futebol e com fortes qualidades para o seu exercício.
Nos sábados à noite, as
reuniões que antecediam os embates da manhã seguinte. Por transporte público de
passageiro, o grupo se deslocava para as arenas do combate, os chamados campos
de pelada. Bordel, às margens do Açude Velho, Bodocongó, Curtume dos Motas, Zé
Pinheiro, Colégio Estadual da Prata, campo sede do Estudantes.
O amor ao esporte e a
qualidade técnica de seus integrantes fizeram do Estudantes uma agremiação
temida dos adversários, quase imbatível em seus domínios, embora a cidade
contasse com outros fortes clubes (Guarany, Flamengo de José Pinheiro, Olaria,
Humaitá, São José,...).
O clube deitou fama no
futebol amador da cidade.
No entanto, o sonho da
juventude era o curso universitário. O
futebol não exercia o fascínio financeiro dos dias atuais. Boa parte do grupo
muda-se para o Recife, para a luta do vestibular. Um novo grupo substitui os titulares
originais.
Aí começa uma outra história.
Heraldo Borborema
SESSÕES DOS SÁBADOS À
NOITE
Nem de cinema, nem literária, nem de estudos, mas reunião
de adolescentes para organizar e traçar as estratégias da partida de futebol do
dia seguinte.
Meados dos anos cinqüenta. Garagem da residência do Dr.
Helleno Henriques, pediatra de Campina Grande. Pequena mesa de madeira e dois
toscos bancos de tábua de construção formavam o cenário. Horário em torno das
19.30h. Começa a ansiedade pela presença
dos atletas; a ausência à reunião era prenúncio do não comparecimento ao jogo
da manhã do domingo. Certos desfalques eram sentidos na formação ideal da
equipe.
A ansiedade se transformava em sorrisos, à medida da
chegada de Bananeira, meio irresponsável mas grande goleiro, Eraldo Targino,
Hélio Gomes, zagueiro imbatível no jogo aéreo, Sebastião
Vieira, Salomão, craque meio-campista que se profissionalizou, chegando a
defender grandes equipes brasileiras, Santos, por exemplo, Valfredo Cirne,
Raimundo Cirne, detentor de verdadeiro canhão na perna esquerda, João Mário,
carregado de firulas e piadas, Roberto
Meio-quilo, Nanza, meio cego mas emérito goleador, Êvio, Garrincha,
Cao, pipoqueiro mas de enorme habilidade
na área adversária, entre tantos outros.
Tudo começara como simples brincadeira. Tempo em que a
adolescência divertia-se sadiamente ao ar livre. Bola de gude, pião, pipa,
patinete de rolimã, bicicleta e, principalmente, futebol. Época em que a
televisão, o vídeo-game ou o computador não existiam para segregar e isolar o
jovem.
As peladas de meio de rua e dos campos improvisados dos
arrabaldes da cidade foram aglutinando os jogadores, a maioria já conhecida dos
bancos escolares. Na faixa dos quinze, dezesseis anos. O simples ajuntamento de
pessoas começa a se organizar, diante dos excelentes resultados obtidos nas
disputas com outros grupos de peladeiros.
Heraldo e Ednaldo juntam-se a Zenon e trazem a modesta
sede do clube recém -criado para a garagem da casa da antiga Rua Barão do
Abyhay (local hoje ocupado pela agência do Banco Santander Conforme foto abaixo):
Curioso é que o atleta pagava uma pequena contribuição
para participar da equipe. Não havia patrocinador, nem renda. O padrão da
vestimenta , alvirrubra - camisas, meiões e calções - era adquirido e mantido
com a pequena participação financeira dos atletas. Chuteira cada um comprava a
sua.
A sessão do sábado definia a formação do time, discutia a
forma de jogar da equipe adversária e arrecadava a contribuição financeira do
atleta; normalmente apenas para pagar a lavadeira que se encarregava da limpeza
do material. Nas segundas-feiras o varal do quintal da casa do Dr. Helleno
estava colorido de peças alvirrubras.
O que começou como brincadeira de adolescentes
transformou-se em respeitável equipe amadora de futebol de Campina Grande. Na
fase áurea, a sede ocupava um primeiro pavimento em prédio da principal rua
comercial da cidade, a Maciel Pinheiro. Agora não era apenas o futebol; outras
modalidades esportivas e sociais compunham as atividades do Estudantes
(voleibol, basquete, masculinos e
femininos, futebol de salão), afora os famosos encontros dançantes (matinês e
carnavais com orquestras ao vivo).
Por deferência da direção do Colégio Estadual, na Prata,
o campo de futebol do educandário passou a ser exclusivo do Estudantes nas
manhãs de domingo. A maioria dos atletas estudava no colégio. Isto deu uma nova dimensão ao clube, um novo
patamar frente às demais equipes amadoras desprovidas de tal estrutura.
A separação do grupo, por força de deslocamentos para
outras cidades, na busca da continuação dos estudos, o passar dos anos dos
atletas e a assunção de novas tarefas nas profissões escolhidas tiveram
influência marcante para o desaparecimento do clube.
No entanto, os campinenses daquela época e que apreciavam futebol hão de lembrar a
história e a trajetória do saudoso Estudantes, que marcou época no futebol
amador de Campina Grande e que forjou sólida amizade entre os seus componentes,
a despeito do passar inexorável do tempo.
TARDES NA MACIEL PINHEIRO
Nunca houve necessidade de agenda. O costume
incorporou-se ao cotidiano. O encontro era sagrado.
Meado de tarde, tarefa escolar feita, banho tomado. Um a
um o grupo de jovens ia se formando, em frente à casa comercial do sr. Nô, na
Maciel Pinheiro. Nessa rua estavam localizadas as lojas chiques da cidade,
época em que não existiam os “shopping-centers”. Final dos anos cinqüenta. Para
essa via acorria a sociedade campinense para suas compras. Lojas de tecidos, de
sapatos, de eletrodomésticos, de artigos femininos, joalharias, sorveterias
atraiam os habitantes da cidade. Local ideal para se apreciar o burburinho do
dia a dia.
Hélio e Hércules (conhecido como Kau), filhos do dono da
loja, aguardavam os costumeiros visitantes. Luizinho Ventão, Garrincha, Marco
Vinicius, Sebastião Vieira, Eraldo Targino, Nanza, João Mário, Alberto Catão (
Cabeção), Saulo, Marco Dantas, Mariano, Heraldo, Ednaldo formavam no time dos
freqüentadores assíduos.
Sem cerimônia o grupo tomava conta da loja de
eletrodomésticos de Nô. Afinal os donos da loja participavam da invasão.
Daquele momento em diante a radiola somente tocava os long-playings das músicas
da preferência dos jovens irreverentes, não da clientela. Em som muito alto,
para se ouvir da calçada, desfilavam as vozes de Nelson Gonçalves, Orlando
Silva, Sílvio Caldas, Elizeth Cardoso, Ângela Maria, intérpretes das canções das
farras e serenatas; Nat King Cole, Frank Sinatra, Bing Crosby, Ella Fitzgerald,
Sarah Vaughan, cantores dos encontros românticos; Bill Halley e Elvis Presley,
chamados para os embalos do Rock and Roll; Bievenido Granda, Gregorio Barrios,
Carlos Alberto, Agustín Lara, presentes nos encontros dançantes movidos a
bolero.
No enlevo da música e na visão das jovens que desfilavam
na calçada, a tarde se fazia bela. Conversa jogada fora. Encontros rápidos com
namoradinhas. Comentários sobre fatos do dia a dia de cada um: estudos,
preferências musicais, namoros, política, futebol - elemento aglutinador do
grupo, pois integrantes do famoso Estudantes, time amador respeitado na cidade.
Tudo era festa. A vida gostosa de ser vivida. Nada de violência. Nada de drogas.
Apenas comedida bebedeira nas visitas de final de semana nos cabarés de
Moreninha e de Baiana.
Nunca se ouviu uma reclamação de Nô. Paciência de Jó. Era
como se ele também participasse, de maneira discreta, da algazarra dos jovens.
Final de tarde. Retorno às casas para vestir a farda do
saudoso Colégio Estadual e reencontrar-se nas aulas noturnas do curso
científico (hoje ensino médio).
O tempo levou aquelas tardes e até a vida de alguns
daqueles jovens, mas não a lembrança
eterna e a amizade dos que restam daqueles encontros vespertinos da Maciel
Pinheiro.
2 comentários:
Bom dia Jobedis
Simplesmente adorei a "ficha técnica" de Heraldo, vizinho da Rua Barão do Abiaí, das visitas
que fazia ao Palacete do Dr. Heleno Henriques - nosso médico de família - e minhas entradas
à casa a convite de Dona Creuza.....no interior da dela, para mim, era entrar num castelo
dos contos de fadas. Hoje a saudade está doendo mas com a alegria de reviver as histórias,
embora delas em nada participei, mas meu olhar infantil espiava.
Parabéns por esse resgate que você e João Mário vêm realizando; o Instituto Histórico de
Campina Grande, no tempo certo, faremos uma parceria para constar esse valioso trabalho
em nosso acervo.
Abraço e tudo de bom.
Ida
Jóbedis,
Doces lembranças o texto (muito bem escrito) de Heraldo Henriques me trouxe!
Lembro-me perfeitamente da casa de dr. Heleno Henriques. E nem havia me tocado que ali, hoje, é o Santander.
Lembro-me, com muita saudade, da loja de Nô Gomes, dos discos de 78 rotações...
Seu Museu faz esses milagres...
Coisas, lugares, fatos, pessoas que a gente pensava que havia esquecido, de repente surgem à nossa frente, claros, nítidos!
É bom demais!
Saúde e paz!
Glêdes
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