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domingo, 15 de janeiro de 2012

MEMÓRIAS ESPORTIVAS - RUA FELIPE CAMARÃO REDUTO DE GRANDES ATLETAS

POR: JOBEDIS MAGNO DE BRITO NEVES






Morei no Bairro do São José por 29 anos, sempre na mesma rua. Quem me dera voltar o tempo! um tempo que não volta, trago em minha mente memorias que jamais se apagarão. Mais uma historia de uma infância cheia de incríveis aventuras e muita emoção. Roda em minha mente como um filme inesquecível.

 Quantos de nós nunca jogamos bola, andamos de bicicleta, pulamos com pula-pula, andamos com perna-de-pau e as peladas no meio da rua ou no galpão do Grupo Clementino Procópio (Foto abaixo), entre outras brincadeiras que, há tempos atrás, não tinham perigo de serem praticadas no “meio da rua”. 


Grupo Escolar Clementino Procópio - Os moradores do São José tiveram ao alcance de seus filhos um grupo escolar de boa qualidade. O grupo Escolar Clementino Procópio, por onde já passaram muitas gerações. O Grupo era mantido pela prefeitura e funciona há mais de 70 anos.  Nas décadas passadas o Grupo era tido como um dos melhores de Campina Grande. Por lá passavam adolescentes de classe média que residiam na Rua, no bairro e em outras localidades. Dispunha de uma boa equipe de professores e preparava os alunos para o exame de admissão em colégios da cidade.

AS BODEGAS E O LAZER DA RUA FELIPE CAMARÃO

Bodegas - Muito comum, no passado, era a presença das "bodegas" além da função comercial junto à comunidade, o povo usava como ponto de encontro. Existia o fator comunicação. Era nas bodegas que o povo falava do tempo, mercado, carestia, política, religião, nascimento, vida alheia, as "novas" do dia, as "estórias de trancoso"que se contavam; as mentiras inventadas, ou as glosas que os contadores improvisavam entre uma bicada e outra. As reuniões nas bodegas constituíam um hábito tradicional. As bodegas de Seu Leopoldo Menezes e de Gilvani Barbosa tinham    balcão de madeira, rolo de fumo sobre o balcão, lingüiça calabresa pendurada no teto, garrafas de cachaça com raízes dentro, calendário, vidro de balas, salgados numa vitrina meio suada. Tira-gosto: queijo, bolacha seca, peixe frito entre outros, feito na hora.  Homens escorados no balcão tomando pinga ou outra bebida, outros jogando conversa fora. Nas bodegas tinha a tal cadernetinha. Toda a vizinhança comprava fiado o que precisavam e pagavam no fim do mês. Isto até chegar à novidade dos mercados e mercearia, e as bodegas perderam boa parte da clientela, mas como as compras nunca duravam o mês todo e na bodega a gente tinha crédito, a cadernetinha do fiado ainda viveu mais um tempo em nossas vidas.  O trivial, o pão da tarde - o pão francês de casca crocante e muito miolo , que a gente comia bem lambuzando de manteiga, enfiando na xícara de café, tão bom...

  Nos bodegas e nas calçadas o dia-a-dia dos moradores

Quem chegava na Rua Felipe Camarão no Bairro do São José , imagina-se numa típica cidade do interior, com gente simples nas calçadas, “jogando conversa fora” e os boêmios, nas bodegas, tomando sua pinga com “tira-gosto” ou a cerveja “gelada no pote”. Os moradores sabiam que foi ali que nascia um bairro muto bom de se morar e criar seus filhos. As crianças aprendiam  no grupo da rua. O comércio era  citadas bodegas, onde a pinga fazia esquecer por alguns momentos o sofrimento do dia-a-dia.

Pois é, os tempos mudaram, os anos passaram e estas brincadeiras se tornaram perigosas ao serem praticadas no “meio da rua”. Ora, anos atrás não tinha tanto movimento e tráfego de veículos como hoje, e respeitávamos quando um veículo estava passando, retirando, por exemplo, as traves do jogo de futebol e facilitando a passagem do veículo que se aproximava. Fato que hoje não se vê.


Mas aí vem a pergunta – por que ir jogar bola no “Galpão do Grupo” e não na frente de casa ou da casa do Fulano? Ora, a resposta é simples, porque no grupo tinha a aventura de driblar o vigia  e lá tem aquele professor que não deixava  jogarmos do nosso jeito, com nossas “regras”, nossas “gritarias”, nossa “falta de educação”, nossa “falta de respeito”, nossas “brigas”, etc.
Simples, até agora todos se lembraram de sua infância e estão vendo como seus filhos e filhas agem, brincando inocentemente no “meio da rua”.

Alguém já parou para pensar se uma criança ou adolescente for atropelado no “meio da rua”, quem será o verdadeiro culpado? Será quem estava jogando bola ou o motorista do carro ou o motoqueiro? Com certeza, será o coitado do condutor do veículo!

Saudades das peladas na rua, do cabo para balinheira,  dos carros que fazíamos com lata de óleo, madeira e borracha de sandálias, do feixe de molas,


Das festas juninas, das fogueiras, do traque, do peido de veia, do busca pé e do rojão, das arraias, das quadrilhas de São João, de todas as brincadeiras que fazíamos em frente as nossa casas “ah aquela esquina! da brincadeira do garrafão e barra-bandeira.



Das lendas, da comadre flosinha, da perna cabeluda, do papa-figo, do pião, do e do papagaio... das bicicletas de aluguel... do Grupo, da a escola de D. nevinha Furtado. Das Bodega de Seu Leopoldo Menezes e de Gilvani e Zélia, do seu Rangel, do sorveteiro, do homem vendedor de quebra-queixo... (ainda lembro aquele apito) das pistolas de agua que faziamos de cano de pvc para brincar de mela-mela em época de carnaval,


Rua Felipe Camarão Reduto de grandes jogadores de Futebol



A Rua era um reduto de jogadores de futebol, pela nossa rua nasceram e moraram  um grande numero de atletas senão vejamos:

Nego Gilson, Geraldo Maconheiro, Wamba, Dadinha, Decimo, Paulo Buchudo, Martinho Farias,  os Imbigudos (Carlinho e Toinho),  BarriquinhaZe da Guia da Bodega e  Ze da Guia Alfaiate, Ze Menezes, Roberto Pai das Negas, Nego Biu, Elizaete, Bonga, Nego Jaca e Celso, Chico Priquito, Apolônio, Tadeu Feitoza, Nego Rona, Galego Euclides, Toinho de Pitota, Valdinho Carapuça, Xaxado, Paulo Xavier, Nego Luca, Vicente Campos Barros, Roberto Babalu, Cuscus, Elcio e Ediinho, Albertinho, Romero, Jobedis, Pedrinho, Glauco, Nilson e Hermani, Dinaldo Trezinho, Nego, Ze Soares, Joadir Cabeção, Roberto, Gatinho, Cho, Geraldo Largatão, Cidão entre outros.

As vezes me vem uma saudade grande da minha rua, dos meus amigos, dos vizinhos e da casa onde morei. Lembro também da minha turma de amigos e os meus olhos enchem de lágrimas. Ai que saudades tenho da minha querida rua, vou pensar nela para todo o sempre. 

Isso não é um adeus a Rua Felipe Camarão, mas apenas um até logo, pois um dia eu voltarei.


Foi nesta rua que foram fundados alguns  time de futebol  e de futebol de salão  fotos abaixo):



OUTROS CRAQUES DA FELIPE CAMARÃO




HERMANI








14 comentários:

Osvaldo Pereira - Valdinho disse...

Amigo,me faltam adjetivos p/te agradecer a satisfação de ver e ler essa matéria...Parabéns!!!!!! Engrandeceu meu DOMINGO!!Valeu!!!

Carlindo - Goleiro disse...

COMO SE NÃO BASTASSE O EXCELENTE BLOG DOS NOSSOS ANTIGOS CRAQUES, AGORA TE VOLTAS PARA UMA PÁGINA EXTREMAMANTE IMPORTANTE DA SAÚDE, QUAL SEJA O MAL DE ALZAIMER; O MATERIAL É MUITO PERTINENTE AOS ATUAIS CASOS COM OS QUAIS NOS DEPARAMOS NO DIA A DIA DE TRISTES QUADROS DESTA TÃO FORTE MOLÉSTIA. CONFESSO QUE NÃO TE JULGAVA APTO A DESENVOLVER MATÉRIAS TÃO BOAS E DE CUNHO FRATERNO JÁ QUE ERAS POR DEMAIS DESPRETENCIOSO NA ÉPOCA DE TUA JUVENTUDE E ADOLESCÊNCIA; TALVEZ O SONHO DE SER UM SUPER CRAQUE EM TERMOS NACIONAIS TE CONDUZISSE AOS SONHOS TRESLOUCADOS DOS GAROTOS DAQUELA ÉPOCA ONDE NÃO TÍNHAMOS MIOLOS SUFICIENTES PARA DESENCADEAR NA NOSSA MENTE ALGO TÃO BELO COMO DIVULGAR O ENGRANDECIMENTO E O CUIDADO COM O PRÓXIMO, RENDO-ME FINALMENTE A TEU ATUAL COMPORTAMENTO ALTRUISTA E DESEJANDO QUE ABENÇOADO SEJAS POR TÃO BELOS TRABALHOS!!!!

gledes emerenciano de melo disse...

A Felipe Camarão não mudou muito... mas minha rua, a Lino Gomes nem parece mais a mesma, tá tudo mudado... quase nada resta daquele tempo em que ali vivi, de 47 a 67. Às vezes passo por lá e não reconheço quase nada, a não ser as casas de Cachepa,Raul e Tonhão (Mestre) e esta última, totalmente reformada. Mas é isso: se nós mudamos, por que não as ruas, né?

Edilson Pinto disse...

aMIGO jOBEDIS
Em primeiro lugar gostaria de parabenizá-lo por este excelente trabalho, estas HOMENAGENS, FOTOS e imagens são relmente fantásticas.... e esta iniciativa é sem dúvida merecedora de infinitos elogios...
Em segundo lugar, gostaria de me apresentar, sou funcionário da Prefeitura de uma cidade , sou assessor legislativo na Secretaria de Obras e também fiquei incumbido de abastecer o site de nosso município com as informações de nossa terra, mas como apaixonado pela nossa história reservei um pequeno espaço para divulgação de causos do futebol amador e sei que vc tem várias historias engraçadas que poderiam contribuir com este meu trabalho que estou apenas iniciando mas que para mim é muito ratificante...
Se fosse possível gostaria que vc me autorizasse a publicar em nosso site algumas destes causos que para nós serão de grande valia.

Jobedis Magno disse...

Este comentario foi mando para meu emails

MARTINHO FARIAS disse...

Valeu a matéria sobre a Felipe Camarão. Voltei no tempo!

Jose orlando disse...

Jobedis,meus parabéns pela materia.
Posso garantir que as ruas vila nova da rainha e
lourenço porto(antiga floresta) eram redutos de grandes atletas, tais como pindoba,pitu,wagner guiné,noba,luis carlos,os irmaos carneiros,galo véi,nego carlinhos,etc.
Abraços

Pitu

Gilton Lima do Nascimento disse...

Ler essa matéria me fez voltar aos melhores anos de minha vida,grande parte dela vivida nesta emblemática rua Felipe Camarão. Eu e meus irmãos (Gildo, Gileno, Kareka, Gilson e Gilma) fizemos grandes amizades e aprendemos com o exemplo de nossos pais ("Seu" Heleno e "Dona" Geni)a cultivar o respeito e a convivência fraterna com nossos vizinhos. Infelizmente nem eu nem meus irmãos tivemos qualquer habilidade com os esportes, mas, através da música participávamos ativamente da vida social tão ativa dos jovens daquela época e daquele pedaço tão querido de Campina Grande. Parabéns ao amigo Jóbedis pela matéria e peloBlog!!!

Anônimo disse...

Amigo/irmão... Jobão e todos da rua Felipe Camarão, devo dizer-lhes que a verdaeira amizade a distância não destrói e o tempo não apaga, todos vcs vivem em mim!
Tenho um sentimento real de todos amigos que aí conhecí...apesar de morar "muito longe" desta rua aí em Campina Grande, eu sempre arranjava um tempo para ir visitar vcs...detalhe eu morava da rua "Aristides Lôbo", hahahahahahahahah. Falando sério...o Grupo Clementino Procópio, que saudades, valeu Jobão, forte abraço, Jonas didi

Berizomar Pedrosa - Beri disse...

Jobão fala agora da praça do São josé ali tem estorias, principalmente as da sede do Everton, adoro seu comentário, revivo tudo que vivi no São José. Beijos

Anônimo disse...

JOBÃO, DE PRIMEIRA CATEGORIA ESSE REPLEY DA FELIPE CAMARÃO, APESAR DE NÃO TER MORADO NESSA RUA, MAIS CONHECI MUITOS CRAQUES E AMIGOS ´QUE ATÉ HOJE CONVIVO. MOREI NA RUA JOSÉ DO PATROCÍNIO, QUANDO ERA CRIANÇA, NA FRENTE DA CASA DE MIGUEL RIBEIRO FILHO DE MACAMBIRA TIO DE ZACACARIAS, MAIS ESSAS LEMBRAÇAS DESSE JEITO JAMAIS SAIRÃO DAS NOSSAS MEMÓRIAS, UM ABRAÇO GRANDE PARA TODOS QUE FAZEM ESSE BLOG.

Anônimo disse...

ESQUECI DE COLOCAR MEU NOME!!!!!NO REPLEY DA FELIPE CAMARÃO> ESPEDITO VILAR

davi disse...

Valeu! espetacular essa matéria, apesar de morar no bairro da Liberdade, devido meus familiares ter morado a vida inteira lá, na Felipe Camarão,saudosos minha avó dona Ritinha(falecida), Zé Preá(falecido)que foi casado com minha tia Eunice, pais de seus filhos Romero,Tania e Cristina. Nunca deixei de frequentar a Felipe Camarão e as vezes a famosa praça do Trabalho. Quanta gente legal eu consegui conhecer, fez-me voltar ao passado. Quanta felicidade. Parabéns!

Cici Sousa disse...

Parabéns pela a narração, Paso a Paso brilhante! Uma verdadeira viagem ao passado! Morei na rua José do Patrocínio e estudava no grupo Clementino Procópio! Adorava comer as castanholas que caiam nas calçadas. 1972

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