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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

CONTE SUA HISTÓRIA

POR: JOBEDIS MAGNO DE BRITO NEVES


Minha defesa sobre Campina Grande


O mundo é pequeno, redondo e não pára de girar. Ouvimos essa frase toda hora, não é mesmo? Sob essa premissa, é comum esbarrar por ai com alguém que não vemos há anos ou até mesmo com pessoas que dizem conhecer algo a seu respeito. Foi o que aconteceu comigo. Explico.

Quando eu fui estudar pós graduação em 1976 no Rio Grande do Sul na cidade de Novo Hamburgo numa dessas coincidências da vida, aproximou-se de mim um sujeito e, de pronto, indagou: - Você  é do norte, não é? Conheci pelo sotaque arrastado. É de uma grande cidade?

- Não sou do norte,  sou do Nordeste e moro numa cidade nem grande nem pequena. Sou de Campina Grande e, para mim, é uma grande cidade respondi breve e saudosamente. - Que coincidência. Conheço sua cidade. Sou militar e lá morei durante longos 08 (oito) anos. Não era muito divertido. Lembro-me que não tinha opções de lazer, não havia bons restaurantes, não tinha competição esportiva e ninguém sabia nada sobre da história e cultura da cidade, disse-me indelicadamente. Ouvi-o calado e com impaciência e atenção. Não o interrompi, nem o repreendi. Mais aqueles longos 08 (oito) anos, confesso, não saiu de minha cabeça. Tive muito aborrecimento, mas deixei que continuasse sua falsa narrativa até que, sutilmente, intervi. - Tem certeza de que morou em Campina Grande? Tem certeza de que conhece minha cidade? Indaguei. - Claro, pois não disse que lá morei por longos 08 (oito) anos, insistiu o inconveniente sujeito.

- Interessante, respondi, com aparência entre surpreso e incrédulo. Mesmo assim resolvi brincar um pouco com a situação e descobrir o que de fato o dito cujo militar sabia muito pouco de minha cidade.... Senti-me com vontade de intimá-lo para um embate Após pequena pausa depois que tomei um gole de cerveja, indaguei-o prazerosamente....

- O senhor conheceu o Bar Ceboleiro? Bar Cristal de Wamberto Pinto Rocha? O Anacleto? O Caldo de Peixe de Ferreira? - Não, disse o sujeito
- Pois é, são proprietários de alguns dos melhores barzinhos da cidade. Mais há outros! Neles, além dos petiscos regionais serem ótimos, a conversa é agradável e de excelente nível.

- O senhor conheceu o Bar e restaurante da tia Lia? Comeu churrasco no Manoel da Carne de Sol? Provou o picado da feira de Milton Neguinho? Comeu o churrasco de filé no Miura? O Galeto de Posidônio - Não conheci, disse o milico.
- São excelentes restaurantes e gozam de prestígio em toda cidade. Guardadas as devidas proporções, são alguns dos melhores em que estive.

O senhor comeu Pizza em Gilson de lado do Cine Capitólio? (A única Pizzaria existente nesta época era a do Gilson, tempos da pizza com refrigerante. Um minúsculo espaço com um balcão de menos de dois metros de extensão onde as pizzas e os pastéis ficavam dentro de um tabuleiro que ocupava quase a metade daquela acanhada sacada de atendimento. A lanchonete tinha pouco mais de 5m². Ainda assim, era o ponto preferido da garotada. Ponto disputadíssimo)? – Nunca comi nesta pizzaria!!!!!

- O senhor presenciou um jogo no Bacião entre o Grêmio contra a seleção do bairro do São José? - Nunca, respondeu milico.
- Perdeu a oportunidade de assistir ao maior clássico do bairro do São José. Eternos rivais, o espetáculo era grandioso. A seleção e o grêmio deram show de bola. Entre os jogadores destacavam-se o Jorio, Fernando Canguru, Jobão (este que vós fala), Som. Peba, Sabará pelo lado da seleção: Banana, Nego Guell, Tanda e outros. Todos sob a batuta do treinador e jogador “Nego Roberto”.

- Viu o Botafogo da Liberdade jogar? O Nacional de Zezé, O Oriente, O Estudante, o Olaria do Catolé, o Humaitá, o Têxtil? O Corinthians de Casa de Pedra? O Renascença? O Belenense? O Auto Esporte, O Oriente de Zé Preto e seus irmãos, o Comercio, O Sapateiros entre outros grandes times da cidade? - Não, espantou-se o sujeito abobalhado.
- Excelentes times de futebol que disputavam amistosos, os torneios e campeonatos locais. No futebol de salão destacava-se o Campinense que com um plantel quase imbatível, o Estudante, o Treze, O Bolonha, o Santos, entre outros, que dava show a cada jogo nas quadras da AABB.

- Participou de um racha no campo do Bacião que havia no antigo leito do Açude Novo ou no campo da Perua perto do Hospital do IPASE? Jogou  futebol de salão na quadra do Treze (a quadra do Treze teve participação importante na formação de inúmeros jovens do bairro do São José. Graças a Deus, tive o privilégio de ser um desses garotos)
 - Não, balbuciou o militar. 
Amigo você perdeu a oportunidade de ver jogadores grandes, aliás, quase todos mereciam jogar em qualquer time profissional da cidade se quisessem, pois tenho para mim todos tinham potencial para isto.

- Assistiu filme do Cine São José? Viu as quadrilhas de São João nos bairros? Viu ou dançou nas Tertúlias do Campinense? Do carnaval da AABB? - Não, nunca, espantou-se o enxerido. - Pois é, há muita cultura em Campina e o povo preza por sua história.

- Assistiu a missa dos Domingos da Catedral? Flertou na Rua Maciel Pinheiro? Tomou Pingado na Sorveteria Florida? Comeu “cabeça de Galo” no Bar Corisco? Jogou sinuca no Gato Preto? - Também não, apesar de ser meu passa tempo favorito à sinuca, confessou.
- Ora, o Campinense já nasce jogando bola e sinuca. Em Campina não há falar em sinuca sem citar o Alonso e o Mago dois dos melhores jogadores de sinuca de todo o Nordeste.

- Conheceu o seu Fuba Vei da Casa Esporte de seu Mamede? O Carbureto? Biu do Vilão?O Raul de Melo do São José? - Ouvi falar, mas não os conheci, grunhiu o sujeito.
- Perdeu a melhor conversa de Campina Grande. Se querias saber algo sobre a cidade, as histórias, os “causos”, deverias, certamente, tê-los conhecido.

- Tomou banho no Açude Velho? Conheceu o Banho a “vapor do Corisco”? A lagoa de Zé Baeta? Dançou nas Tertúlias do Campinense?  - Não, disse envergonhadamente. - Meu rapaz, lá não faltava lazer.
- Ouviu falar do Vital do Rego? Ronaldo Cunha Lima, Argemiro de Figueiredo?
- Não, respondeu o militar enxugando o suor do rosto.
- São filhos da terra reconhecidos nacionalmente. O Dr. Argemiro de Figueiredo, aliás, foi governador da Paraíba e deputado federal.

 E os escritores e poetas Campinenses conheceram? O Elpidio de Almeida, o Chico Maria, o Hortêncio Ribeiro.....
- Também não, disse o homem que cobrava cultura.
- Ambos prestigiaram a população com publicações de excelentes obras que certamente servirão de balizas e paradigmas a outras gerações.

- Foi na festa da padroeira? Na festas da Guia no São José?  Viu os festejos no Convento de São Francisco? Assistiu missa na Igreja de Nossa Senhora do Perpetuo do Socorro no Bairro de Bodocongó? Assistiu a procissão?
- Não, disse o sujeitinho atrevido que agora gaguejava.
- Festas tradicionais de natureza religiosa que são visitadas por todos, inclusive pela população de outras cidades que, nestas ocasiões, demonstram toda sua fé. É quase uma poesia viva.... Impacientemente, sentenciei:
- Pois é, lamento profundamente que o senhor  que morou 08 (oito) longos anos na minha cidade e, sem conhecê-la profundamente, diz que lá nada tinha. Asseguro-lhe, pois, que até pode ter morado, mas não conheceu Campina Grande a Rainha da Borborema..... Não conheceu mesmo.
Tentou balbuciar uma resposta, mas gaguejou..... Provavelmente viu que não eu tinha razão e calou-se, olhando meu semblante que, àquela altura, já não passava muita paciência.....  e saiu de fininho sem dizer mais nada.


6 comentários:

Jonas didi disse...

Amigos meus...principalmente do querido Everton, estou esperando até com ansiedade seus comentários no Museu do Esporte Amador do nosso querido e irmão Jobão..., Fernando, Som, Tonheca, Jório, mandem suas mens é gratificante ler suas declarações, não só da história do Everton, mas tb de outras, tá legal demais, tempo a gente tem prá tudo, é só querer, abraços, Jonas didi

davi disse...

Muito feliz sua defesa de Campina grande, infelizmente esses sulistas de meia pataca, até hoje não conhecem a Grande e valorosa como diria o grande Vital do Régo Campina Grande. Você me deixou bastante saudoso, pois, conheci tudo isso que você falou e tive prazer de desfrutar.Ele não sabe o que perdeu, coitado. Parabéns pela matéria, vc foi buscar coisas do fundo do baú, mesmo.

Denis Salgado Nobrega disse...

Sou natural de Campina Grande e já fazem 41 anos que moro em S.Paulo mais não esqueço de minha terra e muito menos do nosso futebol amador, dos grandes jogadores e das coisas boas ai de minha cidade. Venho por meio deste lhe dar os parabéns por este trabalho EXTRAORDINÁRIO que é este site com a história dos grandes jogadores e da sua defesa de Campina , foi uma emoção indescritível quando por um acaso eu achei este site
Eu não tenho palavras para te agradecer por este trabalho que você postou de forma tão brilhante na internet que tenho certeza que da forma como me fez matar as saudades, tenho certeza que tentos outros campinenses também já sentiram ou vão sentir quando se deparar com este trabalho espetacular que você proporcionou para todos os campinenses espalhados por este mundo afora.
Um grande abraço, obrigado por me deixar alegre de novo e parabéns.

Anônimo disse...

de NOALDO NERY jobao esse cara nao sabe a onde CANPINA GRANDE pois ele provou que nao sabe nada. NAO FOI no buraçao, no cave ,no ceu ,no gresse,no flamengo do zepa,no circulo operario,no ipiranga,no paulistano,na sab da liberdade,na da palmeira no revavela,no picado de dona CARMINHA,no boçao no forro de alcatrão,no dormitorio pires na cova da onça tu mourou aonde cara tu conheceu CAMPINA PELO MAPA MUNDI KKKKKKKKKKKKKKKK

Jonas didi. disse...

Jobedis Magno, amigo meu...É triste saber que há pessoas que desconhcem o vento e argumentam que o conhece, esse cara aí se fosse pular de pára-quedas, poderia se dar mal!!!valeu amigão, forte abraço.

comentários disse...

É uma bela e imprescindível coletânea.Jobão, meus Parabéns!!!!!

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